Boiruna maculata (MUSSURANA), 2007/ 2008
Flora Assumpção e Renato Pera
Boiruna maculata (MUSSURANA) é uma instalação criada para ocupar uma sala da Galeria Emma Thomas e foi exposta paralela à exposição coletiva ‘Living Room/ Quarto Vivo’, que tinha como referência da curadoria os ‘Gabinetes de Curiosidades’ ou “Quartos das Maravilhas’ dos séculos XVI e XVII, época das grandes explorações e descobrimentos.
Esta obra cria a ficção de uma sala escura habitada pela serpente Mussurana, conhecida por alimentar-se de outras serpentes (venenosas ou não) e por seus hábitos noturnos, cujo corpo negro, grosso e pesado, encontra-se suspenso nas paredes e teto. Junto ao solo, situa-se o rabo da serpente, próximo ao único foco de luz (rebaixada) no interior desta sala, atraindo assim o olhar do observador para o rabo da serpente que aponta para ele desde o momento em que ele se aproxima da estreita porta de entrada da sala.
O olhar e o deslocamento do observador são conduzidos pela posição da luz, distante cerca de 50cm do chão e próxima à ponta do rabo da cobra, e pela relação de escala do corpo da Mussurana na sala, fazendo com que o observador necessite se movimentar pela sala para acompanhar a linha negra do corpo do animal para poder compreendê-lo como uma cobra. Quando esta percepção acontece, o observador tem a cabeça da serpente próxima à altura da sua própria cabeça. Aí reside o caráter de surpresa e de armadilha da obra.
O material utilizado conferia ao desenho do corpo da serpente qualidades táteis, de peso, cor e aspereza semelhantes a asfalto. O restante da sala foi pintado de cinza, em tonalidade aproximada à cor do piso de cimento queimado. A luz amarelada, reposicionada e rebaixada, completava a estratégia utilizada para conferir ao ambiente um aspecto encardido e úmido.
* TODOS OS TEXTOS FORAM REVISADOS E ALTERADOS POR FLORA ASSUMPÇÃO E PODEM CONTER IDÉIAS, PALAVRAS OU TERMOS COM OS QUAIS RENATO PERA NÃO CONCORDE.