ÓBIDOS, das Serpentes Reencarnadas. 2011. 40x3,7m. Fortaleza - CE











ÓBIDOS, das Serpentes Reencarnadas
Fortaleza - CE. 2011
Impressão digital para outdoor. 40x3,7m




ÓBIDOS, das Serpentes Reencarnadas
Flora Assumpção, 2011

Óbidos, da série das Serpentes Reencarnadas (2011), consiste em uma imagem com 40m de comprimento e 3,7m de altura, de uma ou mais serpentes gigantescas metálicas enroladas, instalada nos muros do Seminário da Igreja da Prainha em Fortaleza (CE).

Óbidos é uma referência a uma serpente do folclore do norte do Brasil, citada por Câmara Cascudo quando relata a morte de Maria Caninana por Cobra Norato.
Cascudo conta que "no porto da cidade de Óbidos, no Pará, vive uma serpente encantadora, dormindo, escondida na terra, com a cabeça debaixo do altar da Senhora Sant’Ana, na igreja que é da mãe de Nossa Senhora. A cauda está no fundo do rio. Se a serpente acordar, a Igreja cairá. Maria Caninana mordeu a serpente para ver a Igreja cair. A serpente não acordou mas se mexeu. A terra rachou, desde o mercado até a Matriz de Óbidos."

No conto popular, Óbidos é a cidade habitada por esta enorme serpente metafísica encarregada de sustentar não apenas a igreja matriz, mas também a cidade. Para este trabalho, me aproprio do nome da cidade como se fosse o nome da serpente que habita o muro da Igreja da Prainha, com a intenção de transportar a ficção de que esta serpente teria a função misteriosa de sustentar a igreja ou a cidade de Fortaleza.

Outro motivo para a escolha deste termo para nomear o trabalho é que a palavra Óbidos, conforme a ortografia e a gramática portuguesas, indica a possibilidade de se tratar de algo plural. Ou seja: evidencia a possibilidade de existir mais de uma serpente no emaranhado diante de nós. Aspecto este que interessa à obra, pois aumenta a atmosfera de mistério e perigo; as dúvidas de quantas serpentes seriam, de seu(s) tamanho(s), de onde estariam as cabeças, de estar(em) ou não desperta(s)...

A necessidade da escala agigantada da serpente é devida à atmosfera de ficção que envolve esta obra, além de exigir o deslocamento do espectador enquanto percorre os 40m de comprimento da imagem, o que evidencia a situação do confronto deste com a serpente.